domingo, 16 de maio de 2010

A realidade transcendente

As pessoas de antigamente já reconheciam que o ser humano era algo mais que o seu organismo físico. Os religiosos e místicos chamavam essa parte invisível de aura que definiam como o corpo etéreo. Para a teosofia, existem quatro corpos invisíveis ao redor dos corpos físicos. O xintoísmo antigo também reconhece quatro formas invisíveis ao redor do corpo físico, sendo que a maior delas chega a oito vezes o corpo físico da pessoa. Há algo em comum entre as sabedorias antigas: as vibrações mais altas ficam nos corpos mais extensos e distantes do corpo físico. São elas as primeiras a sentir e receber as energias cósmicas que fluem da vibração mais alta para as mais baixas até chegarem ao corpo físico.

Os cientistas Harold Saxton Burr e F.S.C. Northrop, utilizando voltímetros ultra-sensíveis, mostraram que os seres vivos são constituídos por campos eletro-dinâmicos, e desenvolveram a “teoria eletro-dinâmica da vida”. O interessante é que Burr, ao pesquisar sobre a fase do crescimento em que se formava o campo elétrico de uma salamandra, descobriu que já no estágio de óvulo o campo elétrico tinha a conformação de uma “salamandra” adulta.

Assim, esses campos de energia podem ser compreendidos como a essência do ser que transcende o nosso corpo físico, tanto temporal quanto estruturalmente. É o que define o ser, que é imanente e que se reflete no corpo físico. O fato das lagartixas serem capazes de restaurar sua cauda na forma original após ser cortada ou a dor sentida por pessoas com membros amputados que já não mais existem, talvez possam ser explicadas pelas energias do corpo integral que continuam a existir permanentemente.

A ciência médica praticada na grande maioria dos países consolidou-se como a ciência do organismo físico, com especialistas dos vários subsistemas que o constituem. A concepção que discutimos aqui, também conhecida como medicina alternativa em alguns círculos, considera o corpo, a mente, o espírito e os campos de energia ao redor como um todo integral. A medicina tradicional chinesa, por exemplo, que vem de uma tradição distinta daquele praticado nos centros ocidentais, está baseada no conhecimento dos 12 “meridianos” (que significam caminhos de energia) no corpo humano. Assim, qualquer disfuncionalidade no organismo pode ser explicada pela interrupção de um desses caminhos da energia. O princípio da cura se fundamenta, portanto, em identificar os pontos (que contam várias centenas) nesse caminho que estão bloqueando a energia e liberá-los. As técnicas usadas podem ser o shiatsu (pressão com os dedos), acupuntura, ou outras técnicas que, ao liberarem os bloqueios e reativarem os fluxos energéticos, permitem que a capacidade natural de cura seja restabelecida.

A tradição cultural e científica ocidental representa paradigmas distintos na compreensão do corpo humano. Para as pessoas que cresceram nesse meio, entender o ser humano como uma rede holística e integral de energia em constante fluxo e em equilíbrio harmônico com o meio pode até parecer um conceito inicialmente estranho. Termos como prana (conceito indiano), mana (conceito polinésio), ki (conceito japonês), chi (conceito chinês), pneuma (conceito grego), ruah (conceito hebraico) são todos conceitos orientais que significam o sopro da vida ou a energia que representa o ser vivo. Todos eles se fundamentam na mesma compreensão do ser humano como um ente que inclui, mas também transcende o corpo físico.

Peter Fraser, professor da Universidade de Melbourne, proponente da teoria do campo de energia corporal, e Harry Massey, cientista da computação, integraram esses conceitos numa nova ciência de cura autônoma para o século 21 que discutiremos na próxima semana.

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